O que o Senhor Miyagi me ensinou

22, abril de 2021

Existe uma cena do filme “Karate Kid” que me marcou muito. Ao criticar os valentões que usam o caratê como forma de praticar bullying com o protagonista, Senhor Miyagi interrompe seu jovem aprendiz e nos presenteia com a famosa frase: “Não existe mau aluno, e sim mau professor”.

Não vou entrar na discussão pedagógica que essa parte do longa promove, mas sim quero ressaltar um ponto específico: o aprendizado que se pode tirar dessa passagem do filme, evidenciando algo em comum entre contar histórias e o ato de educar.

Isso não é aleatório, muito menos feito por acaso. Na verdade, isso está atrelado ao conceito de Storytelling. Todavia, antes de abordar esse termo, é fundamental entendermos um pouco da sua… história.

O Narrar também é uma característica fundamental humana. Segundo o filósofo francês Paul Ricoeur, um elemento comum e próprio do ser humano é contar histórias, independente da cultura e do período em que vive. Outra singularidade dela é a sua capacidade de transmissão de conhecimento, tanto que, até hoje, existem as fábulas as quais possuem um teor pedagógico considerável.

Só que este texto aborda especificamente Storytelling, não é mesmo?

Pois bem, a primeira manifestação documentada desse termo é da déc. de 90 nos EUA a partir de Joe Lambert, o qual desenvolveu um projeto no American Film Institute. Sua intenção era filmar pessoas a narrarem as suas trajetórias de vida, estimulando a percepção de suas próprias identidades, bem como auxiliando-as a se comunicarem com as outras.

Assim, o conceito de Storytelling (“story” de relatar fatos, acontecimentos, não confundir com “History”, de História, mais “telling” de um modo de narrar) nasceu da característica humana de contar histórias. Em sua gênese, Storytelling é um recurso comunicativo que se manifesta por meio da narração.

Porém, rapidamente, nessa mesma época, teóricos e profissionais do Marketing abraçaram tal conceito e começaram a adotá-lo em suas peças publicitárias. Iniciou-se aí uma estratégia ligada às vendas, que até hoje é largamente utilizada, seja na propaganda em si ou como estratégia de construção de uma marca.

No entanto, o Storytelling não parou por aí. A sua relevância é tanta, que teóricos e profissionais da Educação também se apropriaram dele. Isso se justifica, porque não só existe a questão da transmissão de conhecimento, mas também outro aspecto ressaltado no Marketing: a criação de vínculo com o público.

Assim, do ponto de vista educacional, o uso do Storytelling se mostra como um recurso pedagógico significativo e que pode ser utilizado dentro da sala de aula tranquilamente. Isso se deve, porque ele tem a capacidade de viabilizar a aquisição do saber e também de cativar aqueles que estão presenciando o desenrolar da trama.

Inclusive, para quem quiser aplicar o Storytelling voltado à educação, anote aí algumas dicas:

– Elabore uma história com um enredo próximo ao conteúdo da aula;

– Crie um protagonista e submeta-o a um desafio. Nesse momento, associe a resolução desse problema ao conteúdo da aula;

– Aplique isso em uma estrutura de roteiro. Ele é importante, pois vai garantir que o desenvolver da trama não se perca.

Tenho certeza que você irá revolucionar sua aula com o Storytelling.

 

 


Leonardo Vilhagra

Mestre em Estudos linguísticos

Tutor do ensino a distância

 

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