Um motorista está viajando de carro sozinho por uma estrada que, no final dela, é possível ver uma praia. Porém, mesmo passando por um lugar que não conhece, ele está apático. Embora esteja dirigindo com uma vista paradisíaca no horizonte de seus olhos, ele não está empolgado. Até mesmo os raios de sol que iluminam o seu rosto parecem desbotar perto de tamanho abatimento.
Porém isso mudou rapidamente.
Um outro carro o ultrapassou.
Vendo aquela cena abrupta, o cérebro do conformado motorista rapidamente injetou uma dose cavalar de adrenalina em seu corpo, fazendo com que o sangue circulasse mais rápido, os olhos arregalassem e os batimentos cardíacos disparassem.
Agora que ficou para trás, a sua percepção mudou. A paisagem à sua volta foi tomada pela poeira. A vista da praia no final do trajeto está menos visível e os raios solares se tornaram pequenos feixes de luz. No entanto, isso foi o suficiente para transformar o motorista ultrapassado.
A fim de mudar essa situação, ele passou a perceber que tinha uma série de vícios ao dirigir. Por isso, corrigiu a postura, uma vez que a sua coluna estava largada no banco; acionou o limpador dianteiro, pois o vidro estava sujo; e nivelou o retrovisor, por que este estava desalinhado. Contudo, ainda assim, ele não parou por aí.
O novo motorista engatou uma marcha mais forte, começou a analisar o automóvel à sua frente, examinando os possíveis pontos de ultrapassagem que poderia aproveitar. Também adotou um comportamento mais proativo e perspicaz (os quais nunca teve antes), de modo que pudesse contabilizar cada instante de vida, identificando as várias oportunidades de retomar a dianteira da vida.
Na primeira parte do início de nosso relato, há um cenário em que não existe concorrência e, por sua vez, inovação. Nele, podemos evidenciar que a ausência de um ambiente de competição, fatalmente gera uma escassez de iniciativa, proporciona bastante acomodação e, por fim, culmina na estagnação.
Porém, na segunda parte do relato, quando surge um competidor que busca um objetivo, se não igual, próximo ao seu. A conjuntura muda substancialmente.
Nela, somos impelidos a sair da estagnação, a suprimir a acomodação e a potencializar a nossa iniciativa, com o intuito de não ficarmos mais no pódio a nível do solo.
Não há jeito: só se sabe que se está em segundo, quando alguém está em primeiro.
Logo, é por conta disso que a concorrência é fundamental, uma vez que ela nos obriga a olhar para nós mesmos, de maneira que possamos identificar o que devemos melhorar e, principalmente, correr atrás da inovação, ou seja, a ação de fazer algo que não tenha sido feito antes.
Leonardo Vilhagra
Mestre em Estudos linguísticos
Tutor do ensino a distância