Sabe o que você tem que estudar antes de Cálculo, Direito Civil ou PISEC?

18, fevereiro de 2021

A gente nasce e, até uns três anos, nossos pais e mães nos cercam de atenção e de cuidado praticamente a todo instante. Em virtude disso, muitas das nossas ações são supervisionadas, acompanhadas e lembradas por eles. Que bom. Isso é importante, uma vez que somos uma espécie que necessita de uma atenção prolongada no início de nossas vidas.

No quarto ano de vida, geralmente, a escolarização se inicia, fazendo com que sejamos matriculados em uma instituição de ensino formal. Por conta disso, surge uma nova figura nesse cenário: a escola. Quando somos inseridos nesse meio, outros agentes dão continuidade ao nosso processo de orientação e de monitoramento, coexistindo com o já iniciado pelos nossos responsáveis. Aliás, isso continua por muito tempo, até os dezessete anos, quando, também geralmente, ingressamos no ensino superior, momento em que, muitas vezes, ouvimos a seguinte frase: “vai, Carlos, ser alguém na vida”.

Ainda que a nossa sociedade seja plural e heterogênea, fazendo com que essa trajetória não seja igual para todos, é possível observar uma recorrência disso, não só tendo como base a sua própria vida, mas de outras pessoas que você conhece. No entanto, um ponto merece uma reflexão mais aprofundada, principalmente, no que diz respeito aos estudos.

Conforme falamos antes, somos assistidos desde cedo e durante um longo período de tempo, ouvindo frases do tipo: “fez o dever de casa?”, “quando será a prova?”, “largue esse controle e vá estudar”. Porém, se esse acompanhamento e zelo não estiver aliado ao desenvolvimento da autonomia, “que tal você começar a anotar na agenda as suas tarefas?”, “você precisa fazer isso sozinho(a)”, “não estaremos aqui sempre para lembrar você das suas obrigações”, uma série de desdobramentos prejudiciais podem ser gerados.

Aliás, vale ressaltar sobre a origem da palavra “estudar”. Ela vem do vocábulo latino “studĭum”, isto é, um local onde alguém trabalha, aplica ou desenvolve algo. Na derivação para a Língua Portuguesa, “estudar” ganha um sentido de uma ação a partir da qual alguém se dedica, independentemente da forma, a aprender algo. Contudo, não se perdeu de vista a gênese da palavra original: a de que é necessário um esforço para talhar a informação nos estúdios de nossas mentes até transformá-la em conhecimento.

Mas é aí que voltamos à nossa fala inicial. Como podemos nos dedicarmos a aprender algo, se não houver uma cultura de proatividade e de iniciativa própria? Não existe um aplicativo que outra pessoa seleciona um conhecimento e o transfere para o seu nome. No lugar disso, existe a dedicação de um indivíduo para o estudo, compreendendo que é por meio dele que o aprimoramento acadêmico e profissional é construído.

Claro, existem outros fatores relevantes para se ter uma excelente produtividade nos estudos, como elaborar uma rotina de estudos (semanal, mensal ou semestral). Dispor de uma prática constante de leitura. Possuir um local e um período adequado para estudar e suprimir eventuais distrações (a exemplo das notificações das redes sociais advindas dos celulares, ou dos computadores). Mas, para se alcançar isso, inicialmente, é fundamental que o estudante, não mais indivíduo, tenha autonomia.

Logo, endossamos o nosso questionamento inicial: sabe o que você tem que estudar antes de Cálculo, de Direito Tributário e de PISEC? Você. Ou seja, é necessária uma reflexão sobre si, principalmente, no que diz respeito à autonomia, uma vez que ela será a etapa inicial rumo à produtividade efetiva dos estudos e, consequentemente, ao desenvolvimento humano.

 

Leonardo Vilhagra

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