Agosto Branco é o mês dedicado à conscientização, prevenção e ao diagnóstico precoce do câncer de pulmão. Para esclarecer os malefícios do cigarro tradicional e do eletrônico, o coordenador do curso de Medicina da Universidade Vila Velha (UVV), Sergio Emilio Rua, concedeu entrevista sobre o tema.
Segundo o professor, o cigarro eletrônico é frequentemente visto como alternativa menos nociva, mas representa sérios riscos à saúde, especialmente entre jovens. “Apesar do cheiro adocicado, a fumaça do vape contém substâncias tóxicas que podem provocar danos irreversíveis ao organismo. A nicotina, presente na maioria desses dispositivos, causa dependência rápida e pode comprometer o desenvolvimento cerebral de adolescentes e jovens adultos”, afirmou.
O uso do vape também está relacionado a problemas respiratórios, como a EVALI (lesão pulmonar associada ao cigarro eletrônico), que pode causar tosse, falta de ar e até a morte. Além da nicotina, os usuários ficam expostos a compostos orgânicos voláteis, irritantes para os pulmões, e a metais pesados como níquel, chumbo e estanho, que afetam o sistema nervoso, o coração e o aparelho digestivo.
O cigarro tradicional, por sua vez, tem histórico de danos bem documentados. Desde o fim do século 19, a queima do tabaco expõe o organismo a mais de 7 mil substâncias químicas, das quais pelo menos 70 são cancerígenas. “O tabagismo é a principal causa de morte evitável no mundo. Ele aumenta as chances de câncer, principalmente de pulmão, mas também de boca, garganta e esôfago”, alertou o coordenador.
Além do câncer, o cigarro comum está associado a doenças como bronquite crônica e enfisema, que comprometem a respiração. A nicotina, presente nos dois tipos de produto, causa a dependência química, que leva o consumo mesmo diante dos riscos. O tabaco ainda acelera o envelhecimento da pele e pode causar impotência e problemas de fertilidade.
Como parar de fumar
O primeiro passo é definir uma data para parar e comunicar a decisão a amigos e familiares. Também é importante eliminar de casa todos os cigarros, isqueiros e cinzeiros, reduzindo as tentações.
Médicos podem indicar terapias de reposição de nicotina ou medicamentos que auxiliam no processo. Participar de grupos de apoio também ajuda, sendo uma motivação extra e a chance de partilhar experiências com outras pessoas que enfrentam o mesmo desafio.
Outra estratégia é mudar a rotina. Nos momentos de vontade de fumar, vale recorrer a alternativas simples, como mastigar pastilhas sem açúcar ou beber um copo de água. A prática regular de atividade física contribui para aliviar o estresse, reduzir os sintomas de abstinência e controlar a irritabilidade.