Professor do curso de Relações Internacionais da UVV comenta encontro entre Donald Trump e Kim Jong-un
Um encontro histórico ocorrido na terça-feira, 12 de junho, pode ter marcado o início de tempos mais otimistas para a diplomacia global. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reuniu-se com o ditador norte-coreano Kim Jong-un, num momento que, supostamente, põe fim a uma série de trocas de farpas – muitas delas publicamente – e a uma tensão que, sobretudo a partir da eleição do magnata norte-americano, fez o mundo todo temer por uma iminente nova guerra mundial.
Foto: Twitter do presidente norte-americano, Donald Trump
As duas lideranças encontraram-se em Singapura para firmar um acordo que visa acabar com o arsenal bélico nuclear acumulado pela Coreia do Norte ao longo dos anos. Em um clima que em nada se parece com o de alguns meses atrás, Trump e Kim Jong-un trocaram elogios e mostraram-se bastante positivos em relação à eficácia do acordo.
Para o coordenador do curso de Relações Internacionais da Universidade Vila Velha, professor Daniel Duarte Flora Carvalho, o momento é emblemático e revela alguns interesses implícitos em torno do real objetivo do pacto de desnuclearização.
“Da parte de Trump, o encontro trouxe a possibilidade de mostrar à opinião pública americana que é possível ‘fazer a América grande novo‘. Após as polêmicas da retirada do Acordo de Paris sobre o Clima e do acordo nuclear com o Irã, além do embaraço causado no G7, Trump agora tem algo para sua propaganda: o compromisso do ‘homem foguete‘ com a desnuclearização da Península Coreana. Para a Coreia, é uma nova garantia de segurança”, explica.
Os termos assinados tanto por Trump quanto por Jong-un compõem um diretório de compromissos que, além de reduzir os riscos de ataques globais altamente destrutivos no futuro, visam estabelecer, enfim, a paz no território coreano, que há décadas vive em constante ameaça devido à má relação entre o lado norte e o lado sul.
Os primeiros passos para o fim da tensão entre as Coreias, a propósito, foram dados há pouco tempo, quando Jong-un e o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, encontraram-se na fronteira que separa as duas nações.
Foto: Korea Summit Press Pool
Os compromissos acertados entre Estados Unidos e Coreia do Norte foram agrupados em quatro grandes medidas. Segundo o G1, são as seguintes:
“Trump entrará para a história como o primeiro presidente dos Estados Unidos a se encontrar com seu homólogo norte-coreano. E Kim ficará marcado como aquele que soube como se aproveitar da fraqueza doméstica e do desespero de um presidente americano para fortalecer sua imagem. É importante destacar, entretanto, que não há menções aos direitos humanos na declaração”, avalia o professor Daniel Carvalho.
A desnuclearização da Coreia do Norte acontecerá aos poucos. Como não se sabe ao certo a quantidade de aparato bélico nuclear que o país possui, não é possível determinar quanto tempo, exatamente, levará até que todos os compromissos firmados entre Donald Trump e Kim Jong-un sejam cumpridos.
Por via das dúvidas, por ora, os Estados Unidos manterão as sanções econômicas impostas contra a nação coreana. Embora os sinais indiquem boa vontade entre ambos, as restrições comerciais seguem ativas para incentivar o cumprimento do acordo por parte de Jong-un.